7 de novembro de 2009

Não te pertenço.


Paira no ar o último acorde. Silencia-se a melodia. O Sonho vai-se.
Liberto-o dos meus braços, da minha fé, de tudo aquilo que sou… E deixo-o partir, quando é ainda o que mais necessito.
A cada passada sobre o solo gélido renascem as miragens, a mágoa, a fantasia. Quando apenas as lágrimas aquecem minha a face, a alma morre levando consigo a crença. A dor envolve-se em mim.
Porém, paro. Questiono o rumo que tomei, o mapa que ao seu mundo me guiou. E… De que me vale sonha-lo se não o posso alcançar? De que me vale quere-lo se é apenas um esboço do desejo?
Dispo-me do véu do medo, desta permanente agonia. Basta.
Apaga-se a luz e com ela o nome, o cheiro, a imagem. Não o quero mais.
Rompo qualquer laço que me prenda e liberto-me, não só de ti, mas de mim.
Desvanecem as pegadas já traçadas e abre-se um novo caminho. Olho para trás, revejo o mundo que em tempos me acolheu e se apoderou de meu ser. Sorrio à verdade “Não és meu. Não me pertences.” Ainda bem…
Miro o céu estrelado, o começo da nova Era. Um novo cheiro, uma nova luz, o conforto… Uma gargalhada. A cada segundo, sou minha novamente.
E rio “Não sou tua. Não te pertenço”. Não mais.

25 de outubro de 2009

A Sad Song


Desenho as claves nas pautas despidas e a melodia vibra em cada pedaço de mim.
Canta-se o novo mundo, que aos poucos vou descobrindo.

Penetro nesta planície de condão,
Percorro-a, num olhar, até ao infinito,
O nada que receei permanece incerto,
E sigo meu rumo, caminhando sobre tudo aquilo em que acredito.

Nada faz sentido,
Nem o sonho, nem poesia.
Perdidamente acreditei no que não podia,
E transformei a incerteza nesta vasta maresia.

Cifrei sentidos em palavras.
O quão me tentei desprender…
Mais uma passada em rumo à escuridão.
Tornou-se o calor que não queria esquecer.

Não passavam de miragens,
Os momentos em que os olhos cerrava.
Passeava na sua face com a ponta dos meus dedos,
E ia assim descobrindo uns quantos de todos os seus segredos.

As asas desaparecem,
Os pés descalços pousam no solo frio.
Volto a mim na sinfonia que não desvanece.
E na dúvida todo meu ser permanece.

Quero acordar.

16 de outubro de 2009

Um momento


Às vezes, não há razão que o explique ou palavra que o descreva.
Sei que me envolve e me prende, que não vai nem desvanece. Fica marcado em cada passada que dou sobre a areia lisa, enquanto o penso, mirando as águas no seu eterno bailar. Sabe a maresia e soa consoante os acordes da guitarra.
É o calor que me envolve numa noite de gelar. Uma luz no meio do nada. Um suspiro numa noite de sonho acordada.
Vivo-o de olhos postos no infinito. Sinto-o como uma melodia que toca dia e noite em minha alma, querendo-o sempre mais.
É um misto de sonho, de cor, de mar. Um universo de miragens inconstantes que me levam a planar nos mais azuis dos céus.
É o meu mundo de fantasia, o encanto de todo o meu existir.

4 de outubro de 2009

Efeitos


Respiro, revolto-me, penso-te.
Emaranho-me num distúrbio de sentimentos.

Corro, paro, miro-te.
A respiração acelera, o coração ressalta, és tu.

Berro, grito, vibra o silêncio.
Canta agora mais alto a loucura que festeja a tua presença.

Tento pensar, tento a agir, nada se move.
O medo envolve a minha alma, perco-me na imensidão que é a dúvida.

Um espasmo, uma fuga, dois caminhos.
O que hei-de fazer?

Finjo saber, finjo esquecer, finjo acreditar.
Não, ainda cá estás.

Não posso, não o pretendo, necessito-o.
Permaneço em transe.

O tempo escasseia, o mundo não pára, a alma sonha.
Quero-te.

27 de setembro de 2009

A Última Carta



Sábado, 26-09-2009

A caneta começa a namorar a folha. Os traços surgem como por magia e dou início à Última Carta.
Dirijo-a a ti e também a mim, pois não haverá mais palavras para ser ditas. Não haverá mais espaços em aberto, envoltos na dúvida que me assombra. Termina aqui o sonho, tal como todo o meu sofrimento. Finalmente te liberto de mim… Posso agora falar-te, contar-te tudo o que não foi dito.
Muitas foram as noites em que me acolhi no conforto do teu abraço inexistente. Muitas foram as alturas em que te imaginei a meu lado. Muitos foram os dias em que te pensei com dor, com ódio, com carinho, com amor. Muitas foram as vezes em que te quis mais do que tudo, até mesmo mais das em que pensei o contrário.
Fitava-te e descobria duas faces, aquelas que denominava como o Sol e a Lua. No entanto, quando te magicava, com os olhos cerrados, na escuridão da noite, não sabia dizer qual o teu verdadeiro eu (esperava eu que fosse o lado lunar a iluminar a tua alma). Às vezes doía. Não tinha conhecimento de como te falar e questionava todos os meus actos, procurando saber quais os mais adequados para te locomover até àquilo que sou. Tantas vezes tentei incentivar-te a olhar-me de maneira diferente. Tantas vezes tentei levar-te a interessares-te em mim.
Mudei gostos, mudei rotinas, mudei os hábitos. A minha vida começou a girar em tua volta. Eras o prisma da minha mente. Todos os dias ela me berrava “vou tirar-te esse telemóvel!”, quando via os meus olhos a lacrimejarem e a pedirem socorro em silêncio. Queria que estivesse bem, apenas isso. Depois de ouvir muitas das tuas confissões, tornava-se impossível. Contudo procurava encontrar-te de todas as maneiras, a qualquer minuto.
Queria acabar com esta tormenta. Queria contar-te tudo e, mais do que tudo, pedir-te compreensão. Porém, se o fizesse nada seria o mesmo. Um sismo de emoções destruiria tudo o que mais louvo, a tua amizade. E não, as minhas fantasias de menina adolescente não se realizariam, muito pelo contrário. Seriam derrubadas pelo mesmo sismo, para não mais voltarem, tal como tu. Teria de te deixar partir, juntamente com o sonho.
Optei, portanto, pelo caminho mais fácil. Aquele pelo qual só o sonho se perde. O caminho do silêncio. Guardo em mim todas as mágoas, todas idas e todas voltas. Guardo em mim todas as memórias das vezes em que te toquei, te sorri, te fitei, e todo o meu corpo se envolveu num misto de felicidade suprema e num conforto inigualável. São estas recordações, ou aventuras em silêncio, que me fazem acreditar que vale a pena permanecer assim. Posso continuar a apreciar os momentos em que o mundo pára enquanto me olhas. Posso sentir as borboletas a pairar no meu interior quando te encontro de surpresa. Posso continuar a adorar-te como sempre o fiz.
Será este o mapa para encontrar o meu bem-estar naqueles dias mais mórbidos, em que me perderei no entoar das cordas da minha guitarra. Será a ideia de te poder ter, não como sonho, mas como o que me basta para ser feliz.
Assim me despeço do sonho de te ter para além do que necessito, de te ter como companheiro. Dou início à batalha que travo contra a fantasia, para poder manter esta realidade. Esquecerei a Lua que tanto desejo que sejas, e deixarei o Sol da tua amizade iluminar os meus dias.

Boa Noite, Sonho.

Nota: Para melhor compreensão das referências à Lua e ao Sol, é aconselhada a leitura de um texto existente no blog chamado "Sol e Lua".

2 de setembro de 2009

Leva-me daqui.



Conto, por brincadeira,
Tudo aquilo que te quero esconder.
É fácil encontra-lo nos esboços das minhas folhas,
Nos momentos em que aqui escrevo,
Em todas as palavras que te profiro.

Torno-me um mundo transparente,
Cristalino como as águas…
Mostro-me a ti.
Não o vês.

Seria mais simples pronuncia-lo,
Grita-lo a todos os céus.
De que me valia a pena?
Forças implacáveis roubar-te-iam.
Não mais a tua presença iluminaria a minha alma.

Assim, permanecemos boiando
Neste grandioso rio sem fim…
Empurra-nos a corrente
A mando do medo, da agonia, do amor.

Tenho medo de remar e seguir um rumo diferente…
Tenho medo de me levar para longe de ti.

26 de julho de 2009

Não és meu, não me pertences.





Nos murmúrios da noite tento descobrir o porquê de te procurar,
O porquê de não te encontrar.

Brame em mim a força que à loucura me leva.
Vibra em todas as partículas de meu corpo…
Regressa o ciúme, a dor, os sonhos inacabados.
Mas não és meu, não me pertences.

Emaranhas-te no seu toque,
Vives o seu perfume.
Sei-o, sinto-o.
E não és meu, não me pertences.

Nasce na sombra do meu ser
A imagem de tudo o que mais temo.
Entregaste aos seus braços.
Ofertas-lhe a tua alma.
E não és meu, não me pertences

Afastas-te de mim em largas passadas,
Perenes de indiferença.
Corro, berro, chamo-te.
Não voltas…
Não és meu, não me pertences.

Arde em mim o desejo de desaparecer
De me perder pela infinidade do universo…
E ecoa na minha alma a eterna verdade:
Não és meu, não me pertences.

20 de maio de 2009

E cai e cai e voa


E cai e cai e voa.
Não desaparece nem se afasta.
Rompe os céus
E varre o que ilumina.

Os dias já não passam de dias,
O alimento não chega.
Nada sustém minha alma.
Faltam-me as forças.

Nem chuva, nem sol, nem vento.
Quero-o de volta,
Mas só me encontra o medo.

Cerram-se as pálpebras
Cala-se o mundo.
Quero dormir,
Só dormir…

5 de abril de 2009

Dize-lo


Sopra no pensamento,
E finalmente ele chega:
O momento de agir.

Penetro o seu olhar de condão,
Toco toda a sua alma.
Vibra em mim a música,
E aguardo a altura esperada.

Abre-se a palavra.
Ecoa, pura, em nós.
Fito-o de volta,
Sei que também o sentiu.

O calor flui-me no corpo,
Os seus braços, em mim se enlaçam.
Seus lábios acariciam os meus...
Acordo, e o sonho acaba.

9 de março de 2009

Senti-lo.



Miro-o.
Abre-me a alma, solta-me o fogo. Sorri-me e leva-me pela mão para um universo distante. Para um mundo novo…
Sei-o bem e desconheço-o. Posso desenhar o seu olhar sem o ver. Posso descrever o seu toque sem o sentir… E como de nada se tornou o todo…
Bailamos por mares distantes, corremos até ao infinito. Deitamo-nos sobre o Sol e deleitamo-nos com o sorriso da Lua. A poesia que paira no canto das aves penetra-nos a alma. Vivemos.
Por segundos somos o mundo. Somos nós por uma vida.

E são estas as memórias de um beijo.

1 de março de 2009

Sem rumo.


Cresço com a alma.
Recolho aquilo que o tempo me dá.
Pouso-me na areia,
E imito as vozes que pairam na brisa do mar.

Sinto o calor dos corpos,
Tenho a pele envolta em ti.
Indo pelo mundo vagueio,
Amo lugares em que nunca vivi…

Namoro as folhas, os ventos, o Sol.
Olho para tudo e vejo.
Respiro, descanso, penso...
E é em ti que me encontro.

22 de fevereiro de 2009

Raiva de ti.




No silêncio da noite, fito a penumbra do ser.
Debruço-me sobre mim e tento lavar a mágoa.
Dito rumos de serenidade,
Hoje vivo os da ira.
Abandonou-me e não o quis saber…
Medito e apelo à razão:
“Não é teu. Não te deve nada. Não te pertence”

(mas a tristeza não desaparece.)

20 de fevereiro de 2009

Dúvidas.



O tempo escasseia.
Os dias correm a uma velocidade alucinante. Tenho de agir e tenho de me segurar. Arriscar ou não?
O medo percorre a alma. Percorre cada centímetro do meu corpo. O receio de o perder angustia-me. Fixo-me a mim mesma. Paraliso e o tempo flui.
Que posso eu fazer? São semanas, são dias… Um lapso que durará para a eternidade.
O terror vive em mim. Poderei alguma vez alcançar o sonho? Poderá ele prender-me em seus braços? Não… Não pode. Não é capaz.
Mas o juízo não tarda… Permitirei ao tempo tirar-mo ou permitir-me-ei de mo levar?
As dúvidas corroem a alma com o auxílio dos sonhos. E queria eu que assim não fosse. Para quê subir armas? De nada serve. Não lutarei. Guardarei em mim voz da verdade que me pertence. Ninguém precisa de o ouvir.
Corre o silêncio, corre o tempo e berro interiormente. O fim aproxima-se.
Prefiro aguentá-lo o quanto puder em mim. Não como gostaria, mas como o quero.
Que o tempo mo leve.

15 de fevereiro de 2009

14 de Fevereiro


Sento-me no chão iluminado do meu quarto.
Sinto o Sol a abraçar o meu corpo.
Toca-me a alma.

Procuro conforto, carinho.
Aqui não o há.
Fecho os olhos, ergo o rosto.
Ninguém o acaricia.

Não existem cartas, poemas, desenhos,
Para além dos de mim mesma.
As oferendas, excentricidades do cosmos,
Não são estrelas, não são flores.
Não me pertencem.
Não as desejo…

Nos socalcos da cidade,
Todos parecem senti-lo.
O mundo parou para presentear o dia.
O dia em que todos se deviam amar.

Aqui, ele não chegou.
Não amanheceu sendo peculiar.
Amanheceu sendo dia.
Não há ninguém para mo mostrar.

Sou uma criança carente,
Uma criança que sonha.
Uma menina perdida no mundo.
E neste dia sou só eu…

Assim se passa mais um 14 de Fevereiro

11 de fevereiro de 2009

Pessimismo.


Sento-me na cadeira dura do quarto. Está frio.
Abro o portátil, conecto-me à internet, ligo o msn e procuro-o. Nada. O conforto não está lá.
Deito a cabeça sobre os braços que se encontram apoiados na mesa. Penso-o e choro. Choro de dor, choro de raiva para comigo, choro de pena. Apetece-me berrar. Abrir os pulmões em lágrimas.
Não me sinto eu.
Mas… Por que sou diferente de todos os outros? Por que me sinto tão sozinha?
Percebi o quão lhe sou indiferente, percebi o quanto preciso de um abraço seu. Percebi que os meses passaram e há muito que elas partiram para sempre. Percebi a minha necessidade extrema de sonhar. Quero ser diferente. Quero ser igual.
Os dias voam… Lá se passeiam elas pelas ruas. Como são belas. Como os levam nas suas mãos, encantados com as suas aparências… A solidão nunca lhes bate à porta. São ocas, na verdade, mas serão elas felizes? Parecem-no.Não escrevem, não pintam, não desenham… Mas fazer isto para quê?

Para quê escrever textos a ninguém?
Para quê desenhar algo que nunca será visto?
Para quê fotografar a alma nua, se não há quem a sinta?

O pessimismo flui-me nas veias enquanto Ele me invade o pensamento. … Queria um abraço, uma carícia, alguém para ouvir os meus sonhos.
Porque, no final do dia, acabo sempre sozinha no meu quarto sem ninguém com quem falar.

8 de fevereiro de 2009

Fuga aos sentidos


Não há palavras.
Não há gestos.
Não há maneiras de o fazer…Gostava que o visses. Gostava que o sentisses. Gostava que o entendesses.
Será preciso um mapa para te desenhar os meus sonhos?
Será preciso ser luz para te guiar até mim?
Até mim, até ao lado teu que guardo em minha alma…
Não… Simplesmente não o queres ver.

3 de fevereiro de 2009

Sol e Lua



Olho a minha volta. Tento perceber o que se passa.
Ergo a cabeça para sentir a brisa, para sentir o céu. Miro-o à procura de algo e à procura de tudo. De um lado o Sol brilha iluminando a alma. Do outro, a Lua banhada de sonho, pinta o céu da noite, guiando os amantes e trovadores.
Pergunto-me qual será mais verídico. O astro que nos dá cor aos dias, ou o planeta que, aproveitando-se de estrelas, finge ser o que não é?
O Sol, lâmpada do mundo, todos os dias alegra o que nos envolve. Dá-nos a vida, o riso, a cor.Com ele caminhámos na segurança. Com ele brincamos, tendo o todo à nossa vista. Com ele, tudo parece mais real e fantasiado. Mas quem será este Sol? Não o vemos, não o sabemos. Esconde-se por entre luzes. Por entre vermelhos, laranjas, amarelos. E não se deixa tocar. Não se deixa fitar. É alguém que anima e diverte o mundo. Alguém que dá vida as coisas. Alguém que se passa por belo, mas teme em se mostrar.
À noite, ela sobe nos céus para ser vista. Voa em passadas largas, mostrando os caminhos aos enamorados, aos poetas, aos sonhadores. Baila sobre o mundo. Baila as suas cantigas de amor. Branca e cristalina, ela se mostra. É pura, algo belo de se ver. Ensina-nos o que é amar. Finge ser estrela, finge ser um sol de uma noite. Mas nada teme ao ser admirada. É o lado romântico, é o lado lírico, é a fuga dos sonhos. É o esboço de uma felicidade perene. Acolhe-nos nos seus braços, acariciando-nos a face, num gesto de amor eterno.
Também ele tem 2 lados. Também ele é Sol, mas, no profundo do seu ser, é a mais bela das Luas.

1 de fevereiro de 2009

Memória da alma



Vejo-te na alma.
Sinto saudade de chamar por ti.
Na memória há uma perfeição perene e nua.
Os cabelos doirados soltos ao vento,
Os olhos de cor lunar.

Sinto um aperto no ar que respiro,
Tento agarrar os vultos, as sombras, o tempo,
E nada me deixa trazer a lembrança.
O coração grita a dor da partida.

Sento-me no chão do quarto gélido,
Já nada resta do menino de meus olhos.
Só tenho os sons, o olhar, a memória do sentir,
E a alma não se cansa o lembrar.



By Ana Pereira
In "De facto - 2008", A revista da escola.


22 de janeiro de 2009

Há dias e dias...


Há dias em que tudo parece um pouco mais esquisito.

Há dias em que as cores variam. Há dias em que a luz do sol não penetra a atmosfera com tanta facilidade. Há dias em que tudo o que me rodeia é semelhante a um nada. Há dias em que os desenhos ficam tortos no entanto parecem perfeitos no dia a seguir. Há dias em que rio. Há dias em que choro. Há dias em que a lua está cheia porem em outros a sua cor não se distingue do azul-escuro do céu.
Afinal, há dias e dias, mas nunca deixo de ser eu. O sol continua a brilhar lá no céu, os desenhos podem não ser todos iguais mas a arte e a inspiração estão lá. Os textos que escrevo podem nem sempre ser bonitos mas eu continuo a escreve-los. E depois de todas as confusões dos meus dias vejo que tu sempre estiveste lá para me ajudar a tornar o dia um pouco melhor. Sem ti os dias seriam apenas dias... E contigo o que serão? Sim, continuam a ser dias, mas com aquele sabor especial.

Obrigada, meu "Dia".

21 de janeiro de 2009

Acreditar.


Perguntei aos céus se podia voar. Eles responderam que não.

Perguntei a lua se a podia guiar. Ela negou.

Olhei a erva fresca, quis saber se nela me podia deitar. Não me permitiu.

Quis saber se era bonita, mirei as águas do rio. Mostraram-me a escuridão.

Quis saber se ele me amava, perguntei a uma bruxa. " Nunca te amará"

Aos poucos senti-me constrangida com as respostas que ia recebendo. Corri para a colina mais alta. Desenhei no céu umas asas. Saltei. Voei por entre vales e rios durante horas. Olhei o céu. Ele disse que não podia voar... Poder não podia bastava quere-lo e conseguiria. Chegaria a todo o lado. Mas não era a perguntar que o faria. Sorri-lhe. A Lua ia aparecendo. Dissera-me que eu não conseguiria guia-la. Voei pelos céus e a Lua atrás de mim vinha. Podia leva-la por onde andasse e ela sempre me iluminaria. Mas se desistisse quando me negou, também não conseguiria. Bastava-me acreditar. Aos poucos fui descendo. Alcancei o solo. Tropecei, rebolando na erva humedecida. Afinal sempre me podia estender sobre ela. Se não o tentasse não o saberia. Suja de terra e satisfeita, banhei-me nas águas do rio. Ele apareceu por entre árvores. Disse-me o quão era bela. Disse-me que nem a beleza das águas em que me banhava conseguiam alcançar tal perfeição. Olhei-as. Sorri-lhes. Eram belas. Mas eu também o podia ser tal como qualquer um. Tinha que acreditar em mim e transmitir o que sinto para a aparência. Seria a mais bela desde que não parasse de acreditar e começasse a questionar. Ele despiu-se, banhou-se comigo. Fizemos amor. Perguntei-lhe se gostava de mim. Ele negou. Senti-me outra vez entristecida e desvalorizada. Sem poder. Sai da água. Ele agarrou-me o braço. " Espera! Eu não gosto de ti. Eu amo-te! E não o tens que questionar. Abri-me para ti. Senti-te. Fiz-me teu. Mostrei-te que te amava sem me perguntares nada." Entendi, as perguntas de pouco me serviam. Tinha apenas de acreditar, nunca desistir. A verdade é algo relativo. Somos nós que criamos as nossas verdades. Entendi naquele momento que os céus, a lua, o rio, a erva e a bruxa, tinham razão. Mas não eram as suas regras que tinha que seguir, as minhas regras teriam que ser ditadas por mim. A questionar não iria a lado nenhum. Podia voar, podia guiar a lua, rebolava na erva sempre que quisesse, era bela e amava-o. Era a minha verdade e por muito que mo negassem eu iria sempre lutar para conseguir aquilo que queria.

20 de janeiro de 2009

Um dia...


Um dia, eu fechei os olhos para não mais acordar.
Um dia, a minha luz simplesmente fundiu.
Um dia, o mundo calou-se num silêncio total.
Um dia, um manto de mágoa cobriu tudo em que podia tocar.
Um dia, deixei de sentir.
Um dia, tudo o que era branco virou negro, e o que era negro assim ficou.
Um dia, tentei respirar mas o ar já não passava de poeira.
Um dia, quis deixar de existir.
Um dia, tu partiste.

14 de janeiro de 2009

A escrita.



As palavras fluíam consoante a tinta da caneta
E ai se abria mais uma janela da alma.


Os borrões iam preenchendo a saudade
As pequenas letras agrupavam-se em episódios de uma vida
Gritando para esconder o branco da ignorância
Somente as linhas explicavam o que era a dor de uma ida.

O corrector escondia os traços
Os erros eram esquecidos
Relembrando os longos amores perdidos,
Com as orações se iam establecendo laços.

Pinto o menino de cabelos doirados
Na letra perfeitamente definida
Faço da caneta minha amante
E sigo com ela os rumos de minha vida.

Um preto que mancha a realidade quase sórdida
Um mundo que se abate e logo se mágnifica
E isto não passa de um pedaço de folha
E de escrever babuseiras, por aqui a tinta se fica.


As palavras deixam de nascer
Mas a alma ainda brilha.

A ti, Sara


Tenho-a na memória.
Tenho o perfume daqueles traços morenos na alma.
Sinto o profundo daquele olhar e daquela perfeiçao.
Aquele sorriso de luz,
Aquela alegria.
É a pessoa que irradia o mundo.
Nas lembranças está a forma daquela melhor amiga que nunca esqueço.
Hoje vi-a chorar.
Hoje vi-a perder o solo que a sustenta.
E sentia, sentia eu que o céu gelava,
Que a agua já nao corria, que a natureza já nao vivia.
Ficava minha alma só na posiçao de casa acolhedora.
Só para lhe dar conforto, só para lhe dar calor.
A menina de cabelos bonitos e olhos escuros
Já nao brilhava, já nao fluia.
Oh minha doce criança que me dás o tempo,
Por onde te perdeste?
Quero-te bem, quero dar-te um pouco do amor que me dás.
Diz-me como te ajudar,
Diz-me como te trazer de volta da memória de volta para mim, para nós.
Berra comigo!
Brame qualquer tipo de dor!
Minha peqenina, vê o sitio que nas lembranças me criaste.
Faz-te a vida outra vez.
Espero pela metamorfose da minha borboleta.
Assim aguardo que te acolhas de volta nas minhas memórias.
Tu és a menina mais bonita do mundo.

8 de janeiro de 2009

Início.


Um mundo de fantasia com um céu pintado de aguarela.