17 de janeiro de 2010

Desabafos



Envolta na sabedoria do luar, tento desemaranhar aos poucos o novelo que é a dúvida.
Quem sou? Quem fui? Porque te precisei?
Que força me levou a pensar-te?
Moldei-te num sonho, tornei-te alguém que não tu. Pintei-te consoante um sonho de condão. Porém, tão erradamente que me levou a acreditar que amor era o que me guiava a ti.
Talvez o fizesse. Talvez te amasse. Ou talvez amasse apenas a imagem de perfeição criada. Os olhares, os sorrisos, os gestos. A ilusão de cores, que no final não passava de um universo de horrores.
Não o devia ter suplicado. Não devia ter acreditado, pois… não há luz no meio do nada, já o devia saber.
Mas… Continuo a perguntar-me: Porque tu? O que me levou a desejar o calor do teu abraço numa qualquer noite de Inverno? Como pude eu cair neste precipício sem fim?
Cerro os olhos e sinto-o. Ainda o quero. Ainda o preciso.
No entanto… Outros novos sentimentos vão surgindo. Uma repulsa, um ódio, um nojo… Na minha alma vive o sonho e combate-o o teu verdadeiro ser.
Quero-te longe. Necessito-te perto.
E já se passaram dias, meses, anos…. Ainda cá estás.
Não passam de miragens, aqueles minutos que penso com um calor no peito. De momentos esbatidos, rasgados por quem és e rompidos pelo modo como me tratas.
Se é o desprezo e a brutalidade que te traçam, quem sou eu para contraria-lo? Não me queres. Não me precisas. E eu… Eu não sei quem és.
Suplico-te então: parte para longe de mim.
A lua nada me diz.