26 de fevereiro de 2010

Despertar


Um calafrio.
Um choque oferecido pela penumbra.
É assim que desperto e me dispo do mundo em que outrora caminhei.

Uma nova folha, uma nova poesia.
Tento traça-lo de novo, porém só encontro a caneta sem tinta. Apenas ficam as marcas das lembranças, de qualquer dor, de qualquer momento. A folha permanece despida. Não há destino que me queira ditar.
Sigo sem rumo à descoberta do meu novo ser.
A cada passada uma mancha tinge o vazio que a preenche. Pinto assim o que me vai ofertando este meu acordar.

Perdi-te.
Perdi o dom de te olhar e ver para além da figura gélida que te designa. O rapaz que amei era apenas um esboço de um sonho.
Não há correntes que a ti me prendam. Não há medos, sofrimento. Não vives mais em mim.

Hoje acordei. Vi o sol nascer. Peguei numa folha em branco e nela bailaram as cores do que fui descobrindo.
É o despertar do pesadelo que em ti vivi.
Por fim me voltei a encontrar.

(Dedicado com um carinho especial às Saras e ao Jorge. Sem eles encontrar uma nova folha seria impossível.)