22 de fevereiro de 2009

Raiva de ti.




No silêncio da noite, fito a penumbra do ser.
Debruço-me sobre mim e tento lavar a mágoa.
Dito rumos de serenidade,
Hoje vivo os da ira.
Abandonou-me e não o quis saber…
Medito e apelo à razão:
“Não é teu. Não te deve nada. Não te pertence”

(mas a tristeza não desaparece.)

20 de fevereiro de 2009

Dúvidas.



O tempo escasseia.
Os dias correm a uma velocidade alucinante. Tenho de agir e tenho de me segurar. Arriscar ou não?
O medo percorre a alma. Percorre cada centímetro do meu corpo. O receio de o perder angustia-me. Fixo-me a mim mesma. Paraliso e o tempo flui.
Que posso eu fazer? São semanas, são dias… Um lapso que durará para a eternidade.
O terror vive em mim. Poderei alguma vez alcançar o sonho? Poderá ele prender-me em seus braços? Não… Não pode. Não é capaz.
Mas o juízo não tarda… Permitirei ao tempo tirar-mo ou permitir-me-ei de mo levar?
As dúvidas corroem a alma com o auxílio dos sonhos. E queria eu que assim não fosse. Para quê subir armas? De nada serve. Não lutarei. Guardarei em mim voz da verdade que me pertence. Ninguém precisa de o ouvir.
Corre o silêncio, corre o tempo e berro interiormente. O fim aproxima-se.
Prefiro aguentá-lo o quanto puder em mim. Não como gostaria, mas como o quero.
Que o tempo mo leve.

15 de fevereiro de 2009

14 de Fevereiro


Sento-me no chão iluminado do meu quarto.
Sinto o Sol a abraçar o meu corpo.
Toca-me a alma.

Procuro conforto, carinho.
Aqui não o há.
Fecho os olhos, ergo o rosto.
Ninguém o acaricia.

Não existem cartas, poemas, desenhos,
Para além dos de mim mesma.
As oferendas, excentricidades do cosmos,
Não são estrelas, não são flores.
Não me pertencem.
Não as desejo…

Nos socalcos da cidade,
Todos parecem senti-lo.
O mundo parou para presentear o dia.
O dia em que todos se deviam amar.

Aqui, ele não chegou.
Não amanheceu sendo peculiar.
Amanheceu sendo dia.
Não há ninguém para mo mostrar.

Sou uma criança carente,
Uma criança que sonha.
Uma menina perdida no mundo.
E neste dia sou só eu…

Assim se passa mais um 14 de Fevereiro

11 de fevereiro de 2009

Pessimismo.


Sento-me na cadeira dura do quarto. Está frio.
Abro o portátil, conecto-me à internet, ligo o msn e procuro-o. Nada. O conforto não está lá.
Deito a cabeça sobre os braços que se encontram apoiados na mesa. Penso-o e choro. Choro de dor, choro de raiva para comigo, choro de pena. Apetece-me berrar. Abrir os pulmões em lágrimas.
Não me sinto eu.
Mas… Por que sou diferente de todos os outros? Por que me sinto tão sozinha?
Percebi o quão lhe sou indiferente, percebi o quanto preciso de um abraço seu. Percebi que os meses passaram e há muito que elas partiram para sempre. Percebi a minha necessidade extrema de sonhar. Quero ser diferente. Quero ser igual.
Os dias voam… Lá se passeiam elas pelas ruas. Como são belas. Como os levam nas suas mãos, encantados com as suas aparências… A solidão nunca lhes bate à porta. São ocas, na verdade, mas serão elas felizes? Parecem-no.Não escrevem, não pintam, não desenham… Mas fazer isto para quê?

Para quê escrever textos a ninguém?
Para quê desenhar algo que nunca será visto?
Para quê fotografar a alma nua, se não há quem a sinta?

O pessimismo flui-me nas veias enquanto Ele me invade o pensamento. … Queria um abraço, uma carícia, alguém para ouvir os meus sonhos.
Porque, no final do dia, acabo sempre sozinha no meu quarto sem ninguém com quem falar.

8 de fevereiro de 2009

Fuga aos sentidos


Não há palavras.
Não há gestos.
Não há maneiras de o fazer…Gostava que o visses. Gostava que o sentisses. Gostava que o entendesses.
Será preciso um mapa para te desenhar os meus sonhos?
Será preciso ser luz para te guiar até mim?
Até mim, até ao lado teu que guardo em minha alma…
Não… Simplesmente não o queres ver.

3 de fevereiro de 2009

Sol e Lua



Olho a minha volta. Tento perceber o que se passa.
Ergo a cabeça para sentir a brisa, para sentir o céu. Miro-o à procura de algo e à procura de tudo. De um lado o Sol brilha iluminando a alma. Do outro, a Lua banhada de sonho, pinta o céu da noite, guiando os amantes e trovadores.
Pergunto-me qual será mais verídico. O astro que nos dá cor aos dias, ou o planeta que, aproveitando-se de estrelas, finge ser o que não é?
O Sol, lâmpada do mundo, todos os dias alegra o que nos envolve. Dá-nos a vida, o riso, a cor.Com ele caminhámos na segurança. Com ele brincamos, tendo o todo à nossa vista. Com ele, tudo parece mais real e fantasiado. Mas quem será este Sol? Não o vemos, não o sabemos. Esconde-se por entre luzes. Por entre vermelhos, laranjas, amarelos. E não se deixa tocar. Não se deixa fitar. É alguém que anima e diverte o mundo. Alguém que dá vida as coisas. Alguém que se passa por belo, mas teme em se mostrar.
À noite, ela sobe nos céus para ser vista. Voa em passadas largas, mostrando os caminhos aos enamorados, aos poetas, aos sonhadores. Baila sobre o mundo. Baila as suas cantigas de amor. Branca e cristalina, ela se mostra. É pura, algo belo de se ver. Ensina-nos o que é amar. Finge ser estrela, finge ser um sol de uma noite. Mas nada teme ao ser admirada. É o lado romântico, é o lado lírico, é a fuga dos sonhos. É o esboço de uma felicidade perene. Acolhe-nos nos seus braços, acariciando-nos a face, num gesto de amor eterno.
Também ele tem 2 lados. Também ele é Sol, mas, no profundo do seu ser, é a mais bela das Luas.

1 de fevereiro de 2009

Memória da alma



Vejo-te na alma.
Sinto saudade de chamar por ti.
Na memória há uma perfeição perene e nua.
Os cabelos doirados soltos ao vento,
Os olhos de cor lunar.

Sinto um aperto no ar que respiro,
Tento agarrar os vultos, as sombras, o tempo,
E nada me deixa trazer a lembrança.
O coração grita a dor da partida.

Sento-me no chão do quarto gélido,
Já nada resta do menino de meus olhos.
Só tenho os sons, o olhar, a memória do sentir,
E a alma não se cansa o lembrar.



By Ana Pereira
In "De facto - 2008", A revista da escola.