7 de julho de 2010

Pensamentos vadios.



  • Porque a rapariga que conheces e te ama, foi feita por ti (e para ti).
  • E o que sou para ti afinal? Um ponto sem rumo, perdido num universo de cores. 

  • "Ele não gosta de ti."

Mas eu amo-o, quero-o e necessito-o. Não posso desistir, não posso perder o pedaço mais belo da minha alma.

13 de abril de 2010

Capítulo 19


Mirou-o.

Avançou em curtos passos na sua direcção. Respirando fundo, relembrou todo o medo, toda a duvida que dominava a sua alma. Já nada a podia impedir de o fazer. Combatendo toda a ânsia, erguia-se o desespero, a raiva, a necessidade de o saber.

Os seus lábios movimentaram-se mas nada se ouviu para além do silêncio. Pronunciava-se, no entanto, milhares de palavras naquela troca de olhares e todas pertenciam à rapariga.

Voltou a sugar para dentro de si o ar que a envolvia, como se toda a força que necessitava estivesse nele presente. Assim, rompeu o silêncio:

- O que sentes por mim?

O rapaz fitou-a, perplexo com tais palavras. Estava em choque, paralisado com o que ouvira. Nunca acreditara que ela fosse capaz de o perguntar. Nunca pensara em resposta para tal questão. Nunca fora tão fortemente confrontado com esta realidade de sentimentos capazes de destruir a amizade, o companheirismo, que há já tanto tempo durava, a ligação que tanto levou a ser construída.

Na verdade, também o sentia. Sempre que a olhava, uma espécie de desejo corrompia-lhe o corpo, assim como uma necessidade genuína de a beijar, uma extravagância de emoções que lhe acariciavam a alma… Ela não o podia saber. O receio de a magoar, de a afastar de si, era tão grandioso como este novo mar de sensações.

Como agir? O que responder? Sabia que a magoaria. Não tinha conhecimento de como processar tais sentimentos. No entanto, queria guarda-la para si, a ideia de a perder era simplesmente avassaladora.

Conhecia-se, tinha medo. Mudar o rótulo entre os dois, seria mudar cada pedaço da sua relação. Não estava preparado. Perderia a sua amizade se a magoasse e isso era a última coisa que queria neste mundo.

A solução que encontrou era pôr fim a todos os sonhos, a todo o sentimento, a tudo que se passava na cabeça da pobre rapariga. Tinha de abdicar de qualquer emoção para prosseguir seu amigo, para a preservar perto de si sem a magoar.

- Nada. - Pronunciou friamente.

- Obrigada pela tua sinceridade. – Sorriu, olhando-o nos olhos pela última vez.

Virou costas, partiu. Começou a longa caminhada até casa, a longa caminhada que seria apenas o primeiro passo para o esquecer. Chorava enquanto morria um pedaço da sua alma, o mais importante. A sua poesia, a sua música, os seus sonhos.

E ele? Ele ficou a vê-la partir.

7 de março de 2010

Nada

Reli-a.
Revi os traços que me caracterizam e os momentos que ditam quem sou.
Não há nada que o apague. Não há borracha que torne branco, aquilo que já pintei.
Só vai e vem, e nunca desaparece. É o inicio de um capítulo e o final do mesmo. Dita-me as dúvidas e os medos, tal como os sonhos e as alegrias.
Não é mau. É algo que me leva a conhecer-me e aprender a senti-lo. A sentir cada toque, cada olhar, cada passo. Leva-me também a percorrer meio mundo sem os pés alguma vez se moverem.
Encontro-me no meio de nenhures, sem trilho a seguir. Perdi-me de novo e nada sei.
A caneta sem tinta volta a escrever, nesta nova folha sarapintada. Dita-me, porém, novos rumos, seguindo as linhas do passado. Apenas falhou por um momento e sorrio por começar a vê-lo de novo.

26 de fevereiro de 2010

Despertar


Um calafrio.
Um choque oferecido pela penumbra.
É assim que desperto e me dispo do mundo em que outrora caminhei.

Uma nova folha, uma nova poesia.
Tento traça-lo de novo, porém só encontro a caneta sem tinta. Apenas ficam as marcas das lembranças, de qualquer dor, de qualquer momento. A folha permanece despida. Não há destino que me queira ditar.
Sigo sem rumo à descoberta do meu novo ser.
A cada passada uma mancha tinge o vazio que a preenche. Pinto assim o que me vai ofertando este meu acordar.

Perdi-te.
Perdi o dom de te olhar e ver para além da figura gélida que te designa. O rapaz que amei era apenas um esboço de um sonho.
Não há correntes que a ti me prendam. Não há medos, sofrimento. Não vives mais em mim.

Hoje acordei. Vi o sol nascer. Peguei numa folha em branco e nela bailaram as cores do que fui descobrindo.
É o despertar do pesadelo que em ti vivi.
Por fim me voltei a encontrar.

(Dedicado com um carinho especial às Saras e ao Jorge. Sem eles encontrar uma nova folha seria impossível.)

17 de janeiro de 2010

Desabafos



Envolta na sabedoria do luar, tento desemaranhar aos poucos o novelo que é a dúvida.
Quem sou? Quem fui? Porque te precisei?
Que força me levou a pensar-te?
Moldei-te num sonho, tornei-te alguém que não tu. Pintei-te consoante um sonho de condão. Porém, tão erradamente que me levou a acreditar que amor era o que me guiava a ti.
Talvez o fizesse. Talvez te amasse. Ou talvez amasse apenas a imagem de perfeição criada. Os olhares, os sorrisos, os gestos. A ilusão de cores, que no final não passava de um universo de horrores.
Não o devia ter suplicado. Não devia ter acreditado, pois… não há luz no meio do nada, já o devia saber.
Mas… Continuo a perguntar-me: Porque tu? O que me levou a desejar o calor do teu abraço numa qualquer noite de Inverno? Como pude eu cair neste precipício sem fim?
Cerro os olhos e sinto-o. Ainda o quero. Ainda o preciso.
No entanto… Outros novos sentimentos vão surgindo. Uma repulsa, um ódio, um nojo… Na minha alma vive o sonho e combate-o o teu verdadeiro ser.
Quero-te longe. Necessito-te perto.
E já se passaram dias, meses, anos…. Ainda cá estás.
Não passam de miragens, aqueles minutos que penso com um calor no peito. De momentos esbatidos, rasgados por quem és e rompidos pelo modo como me tratas.
Se é o desprezo e a brutalidade que te traçam, quem sou eu para contraria-lo? Não me queres. Não me precisas. E eu… Eu não sei quem és.
Suplico-te então: parte para longe de mim.
A lua nada me diz.