21 de janeiro de 2009

Acreditar.


Perguntei aos céus se podia voar. Eles responderam que não.

Perguntei a lua se a podia guiar. Ela negou.

Olhei a erva fresca, quis saber se nela me podia deitar. Não me permitiu.

Quis saber se era bonita, mirei as águas do rio. Mostraram-me a escuridão.

Quis saber se ele me amava, perguntei a uma bruxa. " Nunca te amará"

Aos poucos senti-me constrangida com as respostas que ia recebendo. Corri para a colina mais alta. Desenhei no céu umas asas. Saltei. Voei por entre vales e rios durante horas. Olhei o céu. Ele disse que não podia voar... Poder não podia bastava quere-lo e conseguiria. Chegaria a todo o lado. Mas não era a perguntar que o faria. Sorri-lhe. A Lua ia aparecendo. Dissera-me que eu não conseguiria guia-la. Voei pelos céus e a Lua atrás de mim vinha. Podia leva-la por onde andasse e ela sempre me iluminaria. Mas se desistisse quando me negou, também não conseguiria. Bastava-me acreditar. Aos poucos fui descendo. Alcancei o solo. Tropecei, rebolando na erva humedecida. Afinal sempre me podia estender sobre ela. Se não o tentasse não o saberia. Suja de terra e satisfeita, banhei-me nas águas do rio. Ele apareceu por entre árvores. Disse-me o quão era bela. Disse-me que nem a beleza das águas em que me banhava conseguiam alcançar tal perfeição. Olhei-as. Sorri-lhes. Eram belas. Mas eu também o podia ser tal como qualquer um. Tinha que acreditar em mim e transmitir o que sinto para a aparência. Seria a mais bela desde que não parasse de acreditar e começasse a questionar. Ele despiu-se, banhou-se comigo. Fizemos amor. Perguntei-lhe se gostava de mim. Ele negou. Senti-me outra vez entristecida e desvalorizada. Sem poder. Sai da água. Ele agarrou-me o braço. " Espera! Eu não gosto de ti. Eu amo-te! E não o tens que questionar. Abri-me para ti. Senti-te. Fiz-me teu. Mostrei-te que te amava sem me perguntares nada." Entendi, as perguntas de pouco me serviam. Tinha apenas de acreditar, nunca desistir. A verdade é algo relativo. Somos nós que criamos as nossas verdades. Entendi naquele momento que os céus, a lua, o rio, a erva e a bruxa, tinham razão. Mas não eram as suas regras que tinha que seguir, as minhas regras teriam que ser ditadas por mim. A questionar não iria a lado nenhum. Podia voar, podia guiar a lua, rebolava na erva sempre que quisesse, era bela e amava-o. Era a minha verdade e por muito que mo negassem eu iria sempre lutar para conseguir aquilo que queria.

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